terça-feira, 12 de novembro de 2013

Trabalho de Análise do Discurso e Semiótica

V DE VINGANÇA







Ao analisar os quadrinhos e o filme “V de Vingança” percebe-se a relação de poder do discurso que há entre as histórias de acordo com a época e o contexto em que foram escritas.
Segundo Ormundo e Wetter toda prática social que está encravada em redes de relações de poder e pertencimento subordina os sujeitos sociais que estão comprometidos.  Segundo Fairclough (2003, p. 41), o poder está diretamente ligado a capacidade transformadora da ação humana e na capacidade de intervir nos eventos e de transformar o curso, e isso está ligado aos recursos  disponíveis entre os atores sociais. Para ele, o discurso é uma prática de representação e de significação do mundo, constituindo e construindo esse mundo em significado.Thompson (1998, p. 199) ressalta que o poder está ligado ao poder que os agentes possuem dentro de uma determinada instituição. Nesse contexto, o discurso é uma forma de poder constituído na pratica social. Ormundo e Wetter afirmam (2013, p. 115) que as novas tecnologias têm um significado nas questões políticas e nas estratégias de busca de poder. Para elas, (2013, p. 90) as mudanças sociais se realizam por meio da recontextualização das ordens discursivas institucionais. Nesse sentido, podemos entender que  o discurso como recontextualização de práticas sócias é um processo ativo. Entretanto, compreendemos que diferentes discursos se relacionam com outros das mais variadas formas, podendo competir com outro discurso ou até mesmo completar-se formando um novo contexto.
Em 1605 o inglês Guy Fawkes comandou uma tentativa de explodir as Casas do Parlamento e tomar o poder da Inglaterra. O golpe fracassou e Fawkes e mais sete companheiros foram executados e esquartejados, então até hoje no dia 5 de novembro  é celebrado este dia com festas e fogueiras no Reino Unido.  Fawkes acabou se tornando o inspirador dos quadrinhos  “V de Vingança” e consequentemente o filme, com o mesmo nome.

 A história em quadrinhos se passa em 1997. Nela existe um mega computador chamado Destino que para a população tem vida própria e ele controla o destino de todos após a guerra como dono do poder. Após o fim da guerra, a ordem se restabelece, mas de forma totalitária onde um Estado caça os direitos civis, impõe censura, não aceita oposição, promovendo uma limpeza ideológica vigiando o estado e tirando a liberdade  de expressão, e  quem não se adequar a nova ordem são interrogados, torturados, submetidos a experiências científicas Nesse contexto, quando não há mais ninguém a questionar, seja de que forma, a nova ordem estabelecida, que se inicia  “V de Vingança”.

O contexto em que a história em quadrinho é publicada se insere no governo de Margareth Thatcher, considerando autoritário e conservador. No primeiro volume na  primeira página, temos uma câmera apontada para a rua com uma placa afixada no poste com a seguinte informação: “Para  sua proteção”,  ou seja, o estado como controlador e vigilante para evitar que a população se envolva em problemas. Uma forma de manter a sociedade civil sem voz e sem vez, delegando ao Estado o poder de decisão sobre a vida da população. Percebe-se que nos primeiros quadrinhos até a chuva, o clima e o tempo  são determinados pelo Estado.  O poder do Estado em “V de Vingança” é constituído a partir de uma metáfora da cabeça como símbolo de poder, em que cada sentido é responsável por uma das formas de coerção do Estado. Após uma hecatombe nuclear, a Inglaterra vive sob o domínio de um governo ditatorial fascista. O estado controla a mídia e a liberdade do povo por meio de policia secreta e campos de concentração destinados às minorias raciais e sexuais.

Nos quadrinhos temos um exemplo de como o poder é organizado: os olhos que são responsáveis pelo sistema de câmeras, além de um dispositivo que consegue identificar qualquer pessoa através da retina, aos ouvidos são destinados o controle sobre o que é dito, a partir da escuta telefônica, a finalidade do nariz é a investigação, a boca é responsável por toda propaganda desse governo, através dela o governo transmite sua ideologia, seus avisos e mantém o controle da sociedade. Porém, mesmo em meio a este regime um homem de condinome “V” surge para libertar a população e instaurar uma nova sociedade das regras autoritárias, injustas, valorizando-se a liberdade dos indivíduos.

Os quadrinhos são mostras de como a sociedade contemporânea busca o controle da sociedade civil por meios dispositivos eletrônicos de alta tecnologia. A sociedade paga caro pela falta de liberdade e invasão de privacidade. Como exemplo, podemos citar o caso da vulnerabilidade do sistema brasileiro diante da espionagem da agencia de inteligência dos Estados Unidos.  Recentemente, o Brasil foi pego de surpresa quando descobriu  que os Estados Unidos espionavam seu governo, a presidente, o exercito, as indústrias,  além de controlar a mídia, a economia e o desenvolvimento do Brasil.
Em “V de Vingança” mostra que todos são responsáveis por toda essa situação, por mais que sejam governos, em algum momento do processo esses governantes tiveram apoio de grande parte da população. Fala da responsabilidade de quem os apoiou.

O filme se passa entre os anos de 2028 e 2038, com o enredo de um mundo em guerra. Os Estados Unidos não é mais uma grande potência e o Reino Unido é um dos poucos países que permanece estável sob-regime fascista e totalitário do partido. V é um homem com uma ideia política revolucionária, além disso, tem o profundo desejo de vingança. É um erudito excêntrico que pertencia ao exército Inglês e foi submetido a experiências científicas com o intuito de torná-lo uma arma secreta contra os inimigos. Lá acontece um grave acidente onde há uma explosão que queima grande parte de seu corpo, o deixando irreconhecível.  V agora usa uma fantasia com uma máscara com um sorriso sarcástico para se vingar de seus malfeitores.  Este personagem  é a própria personificação do ideal, pois alguém sem identidade, sem passado, sem rosto nos leva mais facilmente a imaginar que poderia ser qualquer um de nós. O seu diálogo influencia seus ouvintes estimulando a imaginação e o pensamento crítico. V foi vítima direta deste sistema após sua fuga de um campo de concentração  onde seu destino seria a morte.

No filme nota-se que a recontextualização do discurso forma um novo contexto. Existem notáveis diferenças entre o filme e o material original. Nos quadrinhos, por exemplo, a questão temporal, que na história  ocorreu na década de 1990, no filme se passa já entre as décadas de 20 e 30 do século XXI. A história original foi criada com intuito de dar uma resposta ao thatcherismo britânico no início da década de 80 do século passado e foi definido como um conflito entre um Estado fascista e o anarquismo, enquanto a história do filme foi alterada pelos irmãos Wachowski para caber no contexto político moderno, não levando em conta o contexto da sua produção.  Muitas mudanças significavas foram imputadas aos vários personagens do romance gráfico em sua versão cinematográfica. Nos quadrinhos o personagem V é caracterizado como um indivíduo cruel, capaz de assassinar qualquer pessoa que esteja impedindo a conquista de seus objetivos. Em contrapartida no filme ele é retratado como um apaixonado guerreiro da liberdade que demonstra cuidado e preocupação com a vida dos inocentes. Ainda é possível identificar uma mudança mais gritante na personagem de Evey Hammond, enquanto no filme ela aparece como uma mulher com autoestima elevada, confiante e um ar de rebeldia, os quadrinhos a revelam como uma jovem oprimida, insegura e desestruturada que à força foi lançada na prostituição. E assim a relação entre os dois que parecia ser tão clara no filme não apresentasse assim nos quadrinhos. Enfim, a recontextualização do filme aparece de forma sutil; alguns elementos foram modificados, outros acrescidos, outros foram transformados e outros mantidos.

As manifestações em São Paulo

Através de seu exemplo de força e rebeldia muitos aderem várias causas. Nesse contexto, podemos observar as manifestações que ocorreram em São Paulo e no Brasil no mês de Junho tinham como estopim diversas inquietações sociais, culturais, econômicas, políticas e éticas. Usando máscaras inspirados no personagem V de Vingança os manifestantes foram às ruas adquirindo grandes proporções e repercussões com o chamado “vem pra rua vem”, instigando a população a protestar o aumento da passagem de ônibus, metrô, trem, dentre outras reivindicações. No início, os governantes afirmavam que o aumento da passagem do transporte público era inevitável. No entanto, diante da grande proporção que as manifestações transmitiam para o mundo “o gigante acordou” algumas mudanças ocorreram e temas de grandes relevâncias que afetam diretamente o cotidiano das pessoas foram analisados e discutidos imediatamente pela presidente Dilma, inclusive sobre novas reivindicações contra a corrupção, melhores serviços públicos, saúde, educação e etc.

As cores do símbolo que representam o Brasil, foram frequentemente usadas durante os protestos através de máscaras, fantasias de diversas personagens, rostos pintados, entre outros. Dentre as máscaras mais usadas, destacam-se a do personagem de história em quadrinhos V de Vingança.  A referida máscara expressa uma personificação de um ideal, se manifestando como indivíduo sem rosto, sem identidade para retratar a luta entre a liberdade e a opressão do Estado.

Componentes:
Aurilene Mota

Carolina Murata
Maria Helena Kises

Raisa Regina

Sidinéia Santana

Professora: Joana Ormundo

Referências bibliográficas:
Acessado em: 11/11/213 - pt.wikipedia.org/wiki/V_de_Vingança_(filme)
Ormundo, Joana/ Wetter, Walkyria. Práticas de Linguagem na Globalização. São Paulo:   Editora Patuá, 2013.




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